Excetuando-se a reforma da cozinha, que teve seu tamanho diminuído, a construção de uma meia-parede dividindo a sala de visitas e de umaoutra, na face lateral esquerda do alpendre, a edificação mantém ainda sua feição original. A cozinha não fazia parte do corpo principal da edificação, situação essa também muito recorrente em outras casas aqui analisadas. Nessas casas, encontra-se, também, outra característica aqui verificada, que é a forma em arco abatido das vergas das portas e janelas.
Está implantada numa elevação, cuja cota fica próxima a das águas do açude Gargalheiras, quando o mesmo está sangrando. Nessa situação, a represa de suas águas atinge o terreiro da edificação foi construida sobre uma plataforma nivelada, obtida a partir do enchimento do caixão do baldrame, evitando-se a existência de batentes no interior do corpo principal da edificação. Esta casa dispunha de sótão que se localizava sobre dois quartos: um que existe no centro da mesma, e outro, disposto na fachada lateral direita. Do sótão, já não mais existe o piso e a escada que lhe dava acesso. Restam vestígios de sua existência, como as envasaduras correspondentes as suas portas e marcas dos barrotes que sustentavam o piso.
Em termos de técnica construtiva, pode-se observar, em detalhes, o pilar de madeira existente no alpendre. Atente para o recorte, arrematando a aresta, no momento da transição de sua seção quadrada para octogonal. Todos os pilares de madeira de sustentação do alpendre existentes nas casas ora estudadas têm uma forma em comum. São constituidos de três partes: a base, a parte intermediária e a parte superior. Na base e na parte superior, apresentam seção transversal quadrada, enquanto que, na intermediária, sua seção é octogonal. Esse mesmo modelo se encontra invariavelmente em todos os pontaletes, peças verticais de madeira que sustentam terças e cumeeiras nas coberturas das referidas casas.
Um dos elementos que tinha uso frequente, nas casas de então, era o fecho de madeira com sua tramela. Cumprindo a mesma função do ferrolho, existe essa peça de madeira, que, fixada à esquadria em uma de suas extremidades, de maneira a permitir sua rotação naquele ponto, possibilita o fechamento da porta ou janela, encaixando sua outra extremidade num rasgo feito no marco da esquadria. A ramela é também uma peça de madeira, com as mesmas características do fecho, diferindo desse na função, só permitindo o giro do fecho, para abrir a porta ou janela, girando-se a própria tramela.